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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coisas a serem lembradas sobre o sistema de Hegel:



Coisas a serem lembradas sobre o sistema de Hegel:

* é um sistema em movimento;

* A contradição (a dialética) é o motor;

* O sistema é abrangente;

* A aparência das coisas (em repouso) é diferente de sua realidade (em movimento);

* a história toda é o exercício do Espírito através do tempo. Isto é a marcha da razão

* Lógica = Metafísica.



Para Hegel, a mente constrói a realidade. Mas, em princípio, não sabe disso. Acha que a realidade está fora, independente dela. Assim, ela está alheia a si mesma. Então vê que a realidade é criação sua. Aí conhece a realidade tão claramente quanto se conhece. A realidade e ela são uma coisa só.

Hegel foi o mais importante filósofo do inicio do século XIX a construir sistemas amplos, abrangentes e complexos pretendendo revelar os segredos do homem, da natureza e do universo. O idealismo hegeliano dominou a Alemanha e grande parte do pensamento europeu nesta “era do sistema”. Estranhamente, Hegel e seus seguidores não associaram seus imponentes sistemas às complexas transformações científicas e sociais da época em que viveram.

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OSBORNE, R. "Filosofia para Principiantes", Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.

A Dialética Hegeliana


Eis como funciona o sistema:

Começamos com uma tese (uma posição posta em discussão). Em oposição à tese, há uma afirmação contraditória ou antítese. Da oposição entre tese e antítese, nasce uma síntese que abrange ambas. Mas como a verdade só se encontra na totalidade do sistema, essa primeira síntese ainda não é a verdade da questão, mas passa a ser uma nova tese, com uma antítese e uma síntese correspondentes. O processo continua ad infinitum até chegarmos à idéia absoluta.

Hegel afirma que este processo é a base de toda história, e da história do pensamento. Filósofos anteriores são parte do processo dialético em desenvolvimento que leva ao conhecimento e à lucidez, e ao clímax da filosofia que aparentemente é o próprio sistema hegeliano .

O sistema começa com “ser indeterminado puro” e termina com a Idéia Absoluta ou a própria Verdade. Essa Idéia Absoluta é como o “pensamento se pensando”, ou o Deus do filósofo de Aristóteles, o Motor Imóvel.

Hegel diz que este processo de contradição e desenvolvimento é inerente à realidade histórica e ao pensamento, e que o exercício dessas contradições necessariamente conduz a estágios mais elevados.

Isto deve lhe dar uma idéia de como funciona o sistema. Como as coisas se relacionam, se são inevitáveis ou fazem sentido – é outra história.

Hegel disse que a natureza representava a idéia “fora de si”. Idéia lógica, natureza e & espírito, obviamente, têm uma ligação.

Tese

Antítese

Síntese

Idéia Lógica

Natureza

Espírito

Realidade subjacente

Aspecto exterior e não-racional da mesma realidade

Unidade da idéia e natureza







Hegel examina o que considera a esfera mais elevada – o trabalho do Espírito através da história. A dialética é assim:

Tese

Antítese

Síntese

Espírito subjetivo

Espírito Objetivo

Espírito Absoluto

Este espírito (ou sujeito, ou razão, ou mente), que é objetivo e Absoluto, governa o mundo. O Espírito Absoluto ou Idéia Absoluta desenvolve-se através dos tempos e revela-se de modo absoluto a Hegel.

Espírito subjetivo

Espírito objetivo

Espírito absoluto

Funcionamento interno da mente humana

A mente em sua encarnação externa nas instituições sociais & políticas

Arte, Religião, Filosofia

Hegel da muitos exemplos para mostrar que o Absoluto é Espírito. De modo mais interessante, afirma que esse espírito se manifesta nos indivíduos, nas instituições sociais como a família & o estado, e na arte, na religião e na filosofia de uma época.

Esta idéia do Espírito Objetivo como a encarnação externa da mente foi adotada por outros filósofos. O conceito de zeitgeist (literalmente, Espírito do Tempo) – as inter-relações entre indivíduos, sociedade, arte, religião de uma determinada éoca – é fundamental na história moderna. A importância de se entender o todo, o sistema como um todo, ajudou nitidamente a dar forma ao marxismo e a muita coisa depois.

Hegel via então a história como “a marcha da razão no mundo” e as instituições humanas como o produto do devir dialético.

Hegel e o Espírito Absoluto


Hegel foi o maior dos idealistas alemães, certamente o mais difícil de entender e possivelmente o mais escandaloso em suas pretensões de ter entendido toda a história da filosofia. Foi professor universitário e catedrático de filosofia durante quase toda a vida e, como Kant, quase mais nada fez.

No inicio, Hegel era um tanto místico, e alguns críticos sugerem que ele jamais superou esta característica. De seus muitos escritos os mais importantes são: A Fenomenologia do Espírito, A Ciência da Lógica e A Filosofia do Direito.

Os dois primeiros talvez possam ser considerados os mais obscuros de toda a filosofia, e foram, portanto, os que mais produziram interpretações.

Hegel pode ser descrito como um monista, alguém que crê na totalidade única, o ESPÍRITO ABSOLUTO.

Hegel começou rejeitando a coisa em si de Kant e o mundo noumênico. Hegel afirmava que a tese de Kant de que algo que existia (a coisa em si) era incognoscível, era uma contradição flagrante, que violava as próprias leis de Kant sobre os limites do conhecimento.

Os idealistas e Hegel manifestaram a visão oposta de que tudo o que é, é cognoscível. Na famosa máxima de Hegel:

“O REAL É RACIONAL E O RACIONAL É REAL.”

Fundamental no pensamento de Hegel é a noção de que tudo está interligado. Enquanto a maioria dos filósofos a partir de Aristóteles defendia que a realidade tinha de ser separada em pares distintas – quer como fatos, objetos ou mônadas – Hegel dizia que nada era desconexo.

Para Hegel, a realidade última era a idéia absoluta – “a verdade é o todo”. Ele equiparava Verdade a Sistema. A peça individual só tem significado quando vista como parte do quebra-cabeça.