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domingo, 29 de março de 2009

Por mais belo e decente que sejas, se não é aceito pela tua amada, não concluas, sem mais amplas informações, ser ela de uma castidade a toda prova;


Quem ontem vistes tão temerário, não vos espanteis em vê-lo poltrão no dia seguinte. A cólera, a necessidade, a companhia ou o vinho, ou o som de uma trombeta, terão feito de suas tripas coração. Não foi o raciocínio que lhe deu coragem: foram as circunstâncias. Não nos espantemos, pois, de ver que mudou ao mudarem elas. Essa variação e essa contradição, tão comuns em nós, levaram muitas pessoas a pensar que possuímos duas almas, ou duas forças que atuam cada qual num sentido, uma no sentido do bem e outra no do mal. Uma só alma e uma só força não poderiam conciliar-se com tão repentinas variações de sentimentos.




MONTAIGNE, Ensaios: Livro II, cap. I.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Montaigne

Qualquer ato nosso revela o que somos. A personalidade de César tanto se manifesta na preparação da batalha de Farsalia, e na maneira por que a conduziu, quanto nas reuniões de prazeres e galanteios que organizava. Julga-se um cavalo não apenas pelo galope, mas ainda pelo passo natural e até em seu descanço na estrebaria.(...) Todo pormenor da existencia do homem, toda a ocupação a que se entregue, o revelam e o mostram com suas qualidades e defeitos.

terça-feira, 3 de março de 2009

O conhecimento do conhecimento


O que é um cérebro capaz de produzir um espírito que o concebe?

O que é um espírito capaz de produzir um cérebro que o produz?

Que é um conhecimento que não poderia emergir não apenas sem um cérebro e um espírito, mas também sem uma linguagem e uma cultura?

O que é um conhecimento que, mesmo sendo construção e tradução, aspira refletir a natureza das coisas?


Edgar Morin - O Método (3. O conhecimento do conhecimento)