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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tales de Mileto


Segundo a tradição, Tales foi considerado o mais antigo investigador da natureza das coisas na sua totalidade e quem afirmou pela primeira vez a existência de um princípio único como elemento constitutivo de tudo que existe – arché – que para ele era a água.

Entendeu-a como o princípio imprincipiado, origem absoluta de todas as coisas que são.

Disse também que a terra flutua sobre a água, explicando de modo natural os tremores de terra (sismos, maremotos, etc.), que o mundo está cheio de deuses e que o imã possui uma alma com o poder de mover determinados corpos, sendo a alma o princípio do movimento.

Assim como o ser humano vivo (dotado de alma) pode colocar em movimento seus próprios membros e, de um modo geral, as coisas e objetos; o imã possui alma pelo fato de atrair e mover o ferro.

Nietzsche resume de forma admirável o momento em que o pensador inventa a filosofia:

"Assim contemplou Tales a unidade de tudo o que é: e quando quis comunicar-se, falou da água!" (A filosofia na época trágica dos gregos)

domingo, 21 de outubro de 2007

Tipos e Exemplos de Falácias

Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição):
Basicamente consiste em afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou “sempre foi assim”.
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador):
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "A afirmação de Joãozinho é falsa, pois ele é um sujeito mal-educado".
Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância):
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Joãozinho diz a verdade, pois ninguém pode provar o contrário."
"É certeza que Deus exista, até que se prove o contrário."
Non sequitur (Não segue):
Tipo de falácia na qual a conclusão não segue das premissas.
Ex: "É bom acabar com a pobreza neste país; É bom eliminar a corrupção neste país; Portanto, vamos votar no Joãozinho para presidente!"
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Acredite em Deus, senão irá pro Inferno."
Argumentum ad Populum (Apelo ao Povo):
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex: "Deus existe porque grande parte da população mundial acredita nele."
Argumentum ad Numerum (Apelo ao número):
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais pessoas acreditam em uma proposição, mais provável é a proposição de ser verdadeira.
Ex: "Deus existe pois 85% das pessoas acreditam que sim. Não podem estar todos enganados."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade):
Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa .
Ex: "Se Aristóteles disse isto, é verdade" ou "Se a Bíblia diz isto, isto necessariamente é a verdade".
Dicto Simpliciter' (Regra geral):
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "A palavra 'Cafú' não tem acento porque é oxítona terminada em u" (nesse caso o nome é próprio e a regra geral não se aplica)
Generalização Apressada (Falsa indução):
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Todo Joãozinho é feliz."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Este caminhão é composto apenas por componentes leves, logo ele é leve também."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: "Você deve ser rico pois estuda em um colégio de ricos." ou "Formigas destroem árvores. Logo, esta formiga pode destruir uma árvore."
Falácia do homem de palha:
Consiste em atribuir falsas idéias ao oponente ou tentar manipular a opinião do ouvinte defendendo um ponto de vista reprovável ou fraco.
Ex: "Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira."
Cum hoc ergo propter hoc : (falsa causa)
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão relacionados.
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Post hoc ergo propter hoc :
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito.
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares."
Petitio Principii :
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão alcançada.
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, a maioria (que votou pela sua condenação) sempre tem razão, logo foi justo condená-lo à morte."
Circulus in Demonstrando :
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer chegar.
Ex: "Sabemos que Joãozinho diz a verdade pois muitas pessoas dizem isso. E sabemos que Joãozinho diz a verdade pois nós o conhecemos."
Falácia da Pressuposição :
Questiona um fato assumindo um pressuposto verdadeiro.
Ex: "Quando você vai parar de bater na sua esposa?" ou "Onde você escondeu o dinheiro roubado?"
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia :
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração gramatical.
Acentuação :
É uma forma de falácia devido à mudança de significado pela entonação. O significado é mudado dependendo da ênfase das palavras.
Ex: compare: "Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".
Falácias tipo "A" baseado em "B" (Outro tipo de Conclusão Sofismática) :
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex:
"O Islamismo é baseado na fé."
"O Cristianismo é baseado na fé."
"Logo o islamismo é similar ao cristianismo."
Falácia da afirmação do consequente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do conseqüente). A sua forma categórica é:Se A então B.
B
Então A.
Ex: "Se há carros então há poluição. Há poluição. Logo, há carros."
Falácia da negação do antecedente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:Se A então B.
Não A
Então não B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição."
Bifurcação (Falsa dicotomia):
Também conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: "Se você não está a favor de de mim então está contra mim."
Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "Se o Barão diz isso é porque é verdade."
Argumentum ad Lazarum :
Oposto ao "ad Crumenam". Esta é a falácia de assumir que apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex: "A voz dos pobres é a voz da verdade."
Argumentum ad Nauseam :
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex: "Se fulano diz tanto que sua bicicleta é azul, então ela é."
Plurium Interrogationum :
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex: "Que força devemos empregar aqui? Forte ou fraco?"
Red Herring :
Falácia cometida quando material irrelevante é introduzido no assunto discutido para desviar a atenção e chegar a uma conclusão diferente.
Ex: "Será que o palhaço Joãozinho é o assassino? No ano passado um palhaço matou uma criança."
Retificação :
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Joãozinho é a culpada por tudo."
Tu Quoque (Você Também):
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu.
Ex:
"Você está sendo abusivo."
"E daí? Você também está."
Inversão do Ônus da Prova :
Quando o argumentador transfere ao seu opositor a responsabilidade de comprovar o argumento contrário, eximindo-se de provar a base do seu argumento.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Falácias


Quando damos razões para que uma alegação ou hipótese seja aceita, estamos argumentando. As razões que damos são as premissas da argumentação e a alegação que elas pretendem sustentar é a conclusão.
Se as premissas são aceitáveis e sustentam adequadamente a alegação, então a argumentação é boa. Caso contrário, se as premissas são duvidosas ou se não justificam a conclusão, então a argumentação é falaciosa. Não cumpre sua função, ou seja, não dá uma boa razão para se aceitar uma alegação. Infelizmente, argumentos falaciosos podem ter grande poder psicológico. Quem não está treinado para perceber falácias, com frequência aceita alegações infundadas. Para não se acreditar em coisas irracionais é importante entender as várias falhas de argumentação que podem ocorrer.
Um argumento é falacioso se contém (1) premissas inaceitáveis, (2) premissas irrelevantes ou (3) premissas insuficientes. Premissas são inaceitáveis se elas são, no mínimo, tão duvidosas quanto a alegação que pretendem apoiar. Numa boa argumentação, as premissas têm que ser a base sólida na qual se assenta a conclusão, caso contrário a conclusão não terá firmeza.
As premissas são irrelevantes se não se aplicam ao caso. A conclusão deriva das premissas. Se as premissas não têm a ver com a conclusão, não dão razões para que esta seja aceita.
Premissas são insuficientes se deixam dúvidas quanto à validade da conclusão. Numa boa argumentação, as premissas devem eliminar os motivos razoáveis de dúvida.

Ao se ouvir um argumento, deve-se verificar se as premissas são aceitáveis, relevantes e suficientes. Se uma das condições estiver ausente, o argumento não é lógicamente aceitável.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Heráclito de Éfeso (540 a.C. - 480 a.C.)



A guerra é o pai de todas as coisas e de todas o rei; de uns fez deuses, de outros homens, de uns escravos, de outros livres.

Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia.

O caminho para baixo e o caminho para cima é um e o mesmo.

Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.

Mar, água mais pura e mais impura; para os peixes potável e saudável, para os homens impotável e mortal.

Diverso é o prazer do cavalo, do cão, do homem; o asno prefere a palha ao ouro.

Porcos em lama se comprazem, mais que em água limpa.

Do arco, o nome é vida e a obra é morte.

Um para mim vale mil, se for o melhor.

Lutar contra o coração é difícil; pois o que ele quer compra-se a preço de alma.

Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira.

A natureza ama esconder-se.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Górgias (cerca de 485-380 a.C.)


Retórico e filósofo grego sofista, foi professor de oratória e retórica na Sicília e, depois de 427 a.C., em Atenas. Como filósofo, não acreditava na existência de uma ciência real.
Para Górgias, é impossível saber o que existe verdadeiramente e o que não existe.
Nada existe, porque nem o ser nem o não-ser são dados da experiência. Por isso, não há uma relação do ser com o não-ser, pois o juízo se tornaria impossível caso o ser participasse do não-ser e vice-versa.
Se existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la, porque a realidade sensível não é inteligível, e o que seria inteligível não é dado, portanto é inexistente. Se podemos conhecer alguma coisa, nada podemos dizer sobre ela.
Uma vez que a linguagem é perfeitamente arbitrária, as palavras traem o pensamento. Portanto, todo juízo distinto de "o ser é" (juízo estéril por sua imobilidade) é absurdo, pois confunde sujeito e atributos.
A Górgias, Platão dedicou um de seus mais importantes diálogos, o Górgias.