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sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Nascimento da Filosofia

Os historiadores da filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e inicio do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto.
A filosofia também possui um conteúdo ao nascer: é uma cosmologia, (cosmos = mundo ordenado e organizado/ logia = pensamento racional, discurso racional, conhecimento). Assim a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, donde cosmologia.
O pensamento filosófico em seu nascimento tinha como traços principais:
· Tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;
· Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é, colocando um problema, sua solução é submetida a analise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira;
· Exigência que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o filosofo é aquele que justifica suas idéias provando que segue regras universais do pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando afirmo e nego a uma coisa sobre a mesma coisa. Assim, quando uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela deve ser considerada falsa;
· Recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele;
· Tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades.
Reunindo semelhanças, o pensamento conclui que se trata de uma mesma coisa que aparece para nossos sentidos de maneiras diferentes, e como se fossem coisas diferentes. O pensamento generaliza por que abstrai, ou seja, realiza uma síntese.
E o contrário também ocorre. Muitas vezes nossos órgãos dos sentidos nos fazem perceber coisas diferentes como se fossem a mesma coisa, e o pensamento demonstrará que se trata de uma coisa diferente sob a aparência da semelhança. Separando as diferenças, o pensamento realiza, neste caso, uma análise.
As principais condições históricas para o surgimento da filosofia na Grécia foram:
- As viagens marítimas: permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs, e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos. As viagens produziram a desmistificação do mundo, que passou assim, a exigir uma explicação sobre sua origem;
- A invenção do calendário: que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando com isso, uma capacidade de abstração nova, ou a percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
- A invenção da moeda: permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
- O surgimento da vida urbana: com o predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue, fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir;
- A invenção da escrita alfabética: que como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas, supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
- A invenção da política: que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da filosofia:
1 – a idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. Servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2 – o surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão, e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso filosófico.
3 – a política estimula um discurso que procura ser público, ensinado, transmitido, comunicado e discutido. A idéia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir é fundamental para a filosofia.
A filosofia terá, no correr dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e interesses que lhe vieram de seu nascimento na Grécia.

Adaptado de: CHAUI, Marilena “Convite à Filosofia”, 6a edição, editora Ática, São Paulo – SP, 1997

6 comentários:

Anônimo disse...

professor giulianno esse seu texto foi de grande importancia para a conclusao dos meus exercicios da faculdade ,porem acho que voce abordou o tema muito superficialmente,de qualqueer forma ,obrigado e continua postando mais textos ai .

Anônimo disse...

para bens, vc me ajudou muito.
Com seu tesxto pode tira minhas duvidas.

Anônimo disse...

Professor, este mesmo texto está no livro de filosofia do ensino médio serie:novo ensino médio autora:marilena chaui obg ;D

Anônimo disse...

Mim ajudou muito parabens

Ashlely lua disse...

obg me ajudou muito

Anônimo disse...

Esse texto e injucao, exposição, descrição ou argumentação?