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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Rubáiyát


Omar Kháyyám nasceu na Pérsia no ano de 1040. além de poeta foi matemático e astronomo. Sua filosofia é imediatista. Só existe, só vale o momento presente. O passado não volta mais, o futuro é incerto e virá provavelmente cheio de tristezas e decepções. Cumpre, pois, aproveitar intensamente o momento atual, que passa rápido como o esplendor transitório da rosa; é mister colhe-lo e aspirá-lo antes que murche.


Sua poesia, muito fatalista, está escrita em um pequeno livro, de grande profundidade chamado Rubáiyát e alguns trechos serão divulgados nesse tópico.


5
Procura ser feliz ainda hoje, pois não sabes o que te reserva o dia de amanhã. Toma uma urna cheia de vinho, senta-te ao clarão do luar e monologa: "Talvez amanhã a lua me procure em vão".


17
Os dias passam rápido como as águas do rio ou o vento do deserto. Dois há, em particular, que me são indiferentes: o que passou ontem, o que virá amanhã.


24
Eu cambaleava de sono, e a Sabedoria me disse: "Nunca, no sono, a rosa da felicidade floriu para ninguém. Por que te abandonares a esse irmão da morte? Bebe vinho! Tens muitos séculos para dormir!"


28
Convence-te bem do seguinte: Um dia tua alma abandonará o teu corpo e serás arrastado para trás do véu que flutua entre o universo e o incognoscível. Enquanto esperas, cuida de ser feliz!Não sabes de onde vens. Nem sabes para onde vais.


38
Esquece que ontem não lograste a recompensa que merecias. Sê feliz. Não lamentes nada. Não esperes nada. Tudo que deve acontecer está escrito no Livro que o vento da Eternidade folheia ao acaso.


57
No caminho do Amor nos perderemos e o Destino nos esmagará com o seu tacão. Ó rapariga, ó minha taça encantada, ergue-te e dá-me de beber em teus lábios, antes que eu me transforme em poeira.


69
Por que tanta suavidade, tanta ternura, no começo do nosso amor? Por que tantos carinhos, tantas delícias, depois? E... por que, hoje, o teu único prazer é dilacerar o meu coração? Por quê?


72
Todos os homens pretendem caminhar na estrada do conhecimento. Essa estrada uns a procuram, outros afirmam tê-la encontrado. Um dia, porém, uma voz proclamará: "Não há caminho, nem atalho!"


82
Delicia-te, ó meu irmão, com todos os perfumes, todas as cores, todas as músicas.Envolve de carícias todas as mulheres.Lembra-te de que a vida é fugaz e que breve voltarás ao pó.


domingo, 18 de novembro de 2007

CAMUS, A. O Mito de Sísifo (adaptação)


Os deuses tinham condenado Sísifo a rolar um rochedo incessantemente até o cimo de uma montanha, de onde a pedra caía de novo por seu próprio peso. Eles tinham pensado, com as suas razões, que não existe punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.
Sísifo era o mais sábio e mais prudente dos mortais. Os deuses reprovaram, antes de tudo, sua leviandade para com eles. Sísifo espalhou os segredos deles. Egina, filha de Asopo, foi raptada por Júpiter. O pai, abalado por esse desaparecimento, se queixou a Sísifo. Este, que tomara conhecimento do rapto, ofereceu a Asopo orientá-lo a respeito, com a condição de que fornecesse água à cidadela de Corinto. Às cóleras celestes ele preferiu a bênção da água. Foi punido por isso nos infernos.
Sísifo ainda acorrentara a Morte. Plutão não pôde tolerar o espetáculo de seu império deserto e silencioso. Despachou o deus da guerra, que libertou a Morte das mãos de seu vencedor.
Sísifo, estando prestes a morrer, imprudentemente quis por à prova o amor de sua mulher. Ele lhe ordenou jogar o seu corpo insepulto em plena praça pública. Sísifo se recobrou nos infernos. Ali, exasperado com uma obediência tão contrária ao amor humano, obteve de Plutão o consentimento para voltar à terra e castigar a mulher. Mas, quando ele de novo pôde rever a face deste mundo, provar a água e o sol, as pedras aquecidas e o mar, não quis mais retornar à escuridão infernal. Os chamamentos, as iras as advertências de nada adiantaram. Ainda por muitos anos ele viveu diante da curva do golfo, do mar arrebentando e dos sorrisos da terra. Foi necessária uma sentença dos deuses. Mercúrio veio apanhar o atrevido pelo pescoço e, arrancando-o de suas alegrias, reconduziu-o à força aos infernos, onde seu rochedo estava preparado.
O desprezo pelos deuses, o ódio à Morte e a paixão pela vida lhe valeram esse suplício indescritível em que todo o ser se ocupa em não completar nada. É o preço a pagar pelas paixões deste mundo.
Sísifo, foi condenado nos infernos ao esforço de um corpo estirado para levantar a pedra enorme, rolá-la e fazê-la subir uma encosta, tarefa cem vezes recomeçada. Vê-se o rosto crispado, a face colada à pedra, o socorro de uma espádua que recebe a massa recoberta de barro, e de um pé que a escora, a repetição na base do braço, a segurança toda humana de duas mãos cheias de terra. Ao final desse esforço imenso, medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade, o objetivo é atingido. Sísifo, então, vê a pedra desabar em alguns instantes para esse mundo inferior de onde será preciso reerguê-la até os cimos. E desce de novo para a planície.
A cada um desses momentos, em que ele deixa os cimos e se afunda pouco a pouco no covil dos deuses, ele é superior ao seu destino. É mais forte que seu rochedo. A lucidez que devia produzir o seu tormento consome, com a mesma força, sua vitória. Não existe destino que não se supere pelo desprezo.
Se a descida, assim, em certos dias se faz para a dor, ela também pode se fazer para a alegria. Sísifo indo outra vez para seu rochedo. "Acho que tudo está bem". Assim, expulsa deste mundo um deus que nele havia entrado com a insatisfação e o gosto pelas dores inúteis. Faz do destino um assunto do homem e que deve se acertado entre os homens.
Seu destino lhe pertence. Seu rochedo é sua questão. Da mesma forma o homem absurdo, quando contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. Ele se tem como senhor de seus dias.
Assim, convencido da origem toda humana de tudo o que é humano, cego que quer ver e que sabe que a noite não tem fim, ele está sempre caminhando. O rochedo continua a rolar.
Sísifo no sopé da montanha! Sempre reencontra seu fardo.
Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também acha que tudo está bem. A própria luta em direção aos cimos é suficiente para preencher um coração humano. É preciso imaginar Sísifo feliz.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O Homem Absurdo - A. Camus


O homem absurdo é aquele que não acredita no eterno. Vive sua vida sem se preocupar com o que irá acontecer depois da morte. Suas características são a coragem e o raciocínio. A coragem ensina a ficar satisfeito com o que tem e a viver sem recursos; o raciocínio aponta seus limites.

A honestidade do homem absurdo não está na obediência às regras convencionais, mas sim no respeito às normas que ele próprio dita.

Todas as morais são baseadas na idéia de que um ato tem obrigatoriamente conseqüências. O homem absurdo aceita com serenidade essas conseqüências e está pronto a pagar por elas.
O espírito absurdo não procura regras morais, mas simplesmente imagens das vidas humanas.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Argumentos

Um argumento é uma série concatenada de afirmações com o fim de estabelecer uma proposição definida.
Existem vários tipos de argumento; iremos discutir os chamados dedutivos. Esses são geralmente vistos como os mais precisos e persuasivos, provando categoricamente suas conclusões; podem ser válidos ou inválidos.
Argumentos dedutivos possuem três estágios: premissas, inferência e conclusão. Entretanto, antes de discutir tais estágios detalhadamente, precisamos examinar os alicerces de um argumento dedutivo: proposições.

Proposições

Uma proposição é uma afirmação que pode ser verdadeira ou falsa. Ela é o significado da afirmação, não um arranjo preciso das palavras para transmitir esse significado.
Por exemplo, “Existe um número primo par maior que dois” é uma proposição (no caso, uma falsa). “Um número primo par maior que dois existe” é a mesma proposição expressa de modo diferente.
Infelizmente, é muito fácil mudar acidentalmente o significado das palavras apenas reorganizando-as. A dicção da proposição deve ser considerada como algo significante.
É possível utilizar a lingüística formal para analisar e reformular uma afirmação sem alterar o significado; entretanto, aqui não se pretende tratar de tal assunto.

Premissas

Argumentos dedutivos sempre requerem um certo número de “assunções-base”. São as chamadas premissas; é a partir delas que os argumentos são construídos; ou, dizendo de outro modo, são as razões para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que é uma premissa no contexto de um argumento em particular, pode ser a conclusão de outro, por exemplo.
As premissas do argumento sempre devem ser explicitadas, esse é o princípio do audiatur et altera pars (expressão latina que significa “a parte contrária deve ser ouvida”). A omissão das premissas é comumente encarada como algo suspeito, e provavelmente reduzirá as chances de aceitação do argumento.
A apresentação das premissas de um argumento geralmente é precedida pelas palavras “Admitindo que...”, “Já que...”, “Obviamente se...” e “Porque...”.
É imprescindível que seu oponente concorde com suas premissas antes de proceder com a argumentação.
Usar a palavra “obviamente” pode gerar desconfiança. Ela ocasionalmente faz algumas pessoas aceitarem afirmações falsas em vez de admitir que não entendem por que algo é “óbvio”. Não hesite em questionar afirmações supostamente “óbvias”.


Inferência

Umas vez que haja concordância sobre as premissas, o argumento procede passo a passo através do processo chamado inferência.
Na inferência, parte-se de uma ou mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas. Se a inferência for válida, a nova proposição também deve ser aceita. Posteriormente essa proposição poderá ser empregada em novas inferências.
Assim, inicialmente, apenas podemos inferir algo a partir das premissas do argumento; ao longo da argumentação, entretanto, o número de afirmações que podem ser utilizadas aumenta.
O processo de inferência é comumente identificado pelas frases “conseqüentemente...” ou “isso implica que...”.

Conclusão

Finalmente se chegará a uma proposição que consiste na conclusão, ou seja, no que se está tentando provar. Ela é o resultado final do processo de inferência, e só pode ser classificada como conclusão no contexto de um argumento em particular.
A conclusão se respalda nas premissas e é inferida a partir delas. Esse é um processo sutil que merece explicação mais aprofundada.

A implicação em detalhes

Evidentemente, pode-se construir um argumento válido a partir de premissas verdadeiras, chegando a uma conclusão também verdadeira. Mas também é possível construir argumentos válidos a partir de premissas falsas, chegando a conclusões falsas.
O “pega” é que podemos partir de premissas falsas, proceder através de uma inferência válida, e chegar a uma conclusão verdadeira. Por exemplo:
– Premissa: Todos peixes vivem no oceano.
– Premissa: Lontras são peixes.
– Conclusão: Logo, lontras vivem no oceano.
Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: partir de premissas verdadeiras, inferir de modo correto, e chegar a uma conclusão falsa.
O fato de um argumento ser válido não significa necessariamente que sua conclusão é verdadeira, pois pode ter partido de premissas falsas.
Um argumento válido que foi derivado de premissas verdadeiras é chamado “argumento consistente”. Esses obrigatoriamente chegam a conclusões verdadeiras.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tales de Mileto


Segundo a tradição, Tales foi considerado o mais antigo investigador da natureza das coisas na sua totalidade e quem afirmou pela primeira vez a existência de um princípio único como elemento constitutivo de tudo que existe – arché – que para ele era a água.

Entendeu-a como o princípio imprincipiado, origem absoluta de todas as coisas que são.

Disse também que a terra flutua sobre a água, explicando de modo natural os tremores de terra (sismos, maremotos, etc.), que o mundo está cheio de deuses e que o imã possui uma alma com o poder de mover determinados corpos, sendo a alma o princípio do movimento.

Assim como o ser humano vivo (dotado de alma) pode colocar em movimento seus próprios membros e, de um modo geral, as coisas e objetos; o imã possui alma pelo fato de atrair e mover o ferro.

Nietzsche resume de forma admirável o momento em que o pensador inventa a filosofia:

"Assim contemplou Tales a unidade de tudo o que é: e quando quis comunicar-se, falou da água!" (A filosofia na época trágica dos gregos)

domingo, 21 de outubro de 2007

Tipos e Exemplos de Falácias

Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição):
Basicamente consiste em afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou “sempre foi assim”.
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador):
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "A afirmação de Joãozinho é falsa, pois ele é um sujeito mal-educado".
Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância):
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Joãozinho diz a verdade, pois ninguém pode provar o contrário."
"É certeza que Deus exista, até que se prove o contrário."
Non sequitur (Não segue):
Tipo de falácia na qual a conclusão não segue das premissas.
Ex: "É bom acabar com a pobreza neste país; É bom eliminar a corrupção neste país; Portanto, vamos votar no Joãozinho para presidente!"
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Acredite em Deus, senão irá pro Inferno."
Argumentum ad Populum (Apelo ao Povo):
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex: "Deus existe porque grande parte da população mundial acredita nele."
Argumentum ad Numerum (Apelo ao número):
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais pessoas acreditam em uma proposição, mais provável é a proposição de ser verdadeira.
Ex: "Deus existe pois 85% das pessoas acreditam que sim. Não podem estar todos enganados."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade):
Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa .
Ex: "Se Aristóteles disse isto, é verdade" ou "Se a Bíblia diz isto, isto necessariamente é a verdade".
Dicto Simpliciter' (Regra geral):
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "A palavra 'Cafú' não tem acento porque é oxítona terminada em u" (nesse caso o nome é próprio e a regra geral não se aplica)
Generalização Apressada (Falsa indução):
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Todo Joãozinho é feliz."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Este caminhão é composto apenas por componentes leves, logo ele é leve também."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: "Você deve ser rico pois estuda em um colégio de ricos." ou "Formigas destroem árvores. Logo, esta formiga pode destruir uma árvore."
Falácia do homem de palha:
Consiste em atribuir falsas idéias ao oponente ou tentar manipular a opinião do ouvinte defendendo um ponto de vista reprovável ou fraco.
Ex: "Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira."
Cum hoc ergo propter hoc : (falsa causa)
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão relacionados.
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Post hoc ergo propter hoc :
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito.
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares."
Petitio Principii :
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão alcançada.
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, a maioria (que votou pela sua condenação) sempre tem razão, logo foi justo condená-lo à morte."
Circulus in Demonstrando :
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer chegar.
Ex: "Sabemos que Joãozinho diz a verdade pois muitas pessoas dizem isso. E sabemos que Joãozinho diz a verdade pois nós o conhecemos."
Falácia da Pressuposição :
Questiona um fato assumindo um pressuposto verdadeiro.
Ex: "Quando você vai parar de bater na sua esposa?" ou "Onde você escondeu o dinheiro roubado?"
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia :
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração gramatical.
Acentuação :
É uma forma de falácia devido à mudança de significado pela entonação. O significado é mudado dependendo da ênfase das palavras.
Ex: compare: "Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".
Falácias tipo "A" baseado em "B" (Outro tipo de Conclusão Sofismática) :
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex:
"O Islamismo é baseado na fé."
"O Cristianismo é baseado na fé."
"Logo o islamismo é similar ao cristianismo."
Falácia da afirmação do consequente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do conseqüente). A sua forma categórica é:Se A então B.
B
Então A.
Ex: "Se há carros então há poluição. Há poluição. Logo, há carros."
Falácia da negação do antecedente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:Se A então B.
Não A
Então não B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição."
Bifurcação (Falsa dicotomia):
Também conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: "Se você não está a favor de de mim então está contra mim."
Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "Se o Barão diz isso é porque é verdade."
Argumentum ad Lazarum :
Oposto ao "ad Crumenam". Esta é a falácia de assumir que apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex: "A voz dos pobres é a voz da verdade."
Argumentum ad Nauseam :
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex: "Se fulano diz tanto que sua bicicleta é azul, então ela é."
Plurium Interrogationum :
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex: "Que força devemos empregar aqui? Forte ou fraco?"
Red Herring :
Falácia cometida quando material irrelevante é introduzido no assunto discutido para desviar a atenção e chegar a uma conclusão diferente.
Ex: "Será que o palhaço Joãozinho é o assassino? No ano passado um palhaço matou uma criança."
Retificação :
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Joãozinho é a culpada por tudo."
Tu Quoque (Você Também):
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu.
Ex:
"Você está sendo abusivo."
"E daí? Você também está."
Inversão do Ônus da Prova :
Quando o argumentador transfere ao seu opositor a responsabilidade de comprovar o argumento contrário, eximindo-se de provar a base do seu argumento.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Falácias


Quando damos razões para que uma alegação ou hipótese seja aceita, estamos argumentando. As razões que damos são as premissas da argumentação e a alegação que elas pretendem sustentar é a conclusão.
Se as premissas são aceitáveis e sustentam adequadamente a alegação, então a argumentação é boa. Caso contrário, se as premissas são duvidosas ou se não justificam a conclusão, então a argumentação é falaciosa. Não cumpre sua função, ou seja, não dá uma boa razão para se aceitar uma alegação. Infelizmente, argumentos falaciosos podem ter grande poder psicológico. Quem não está treinado para perceber falácias, com frequência aceita alegações infundadas. Para não se acreditar em coisas irracionais é importante entender as várias falhas de argumentação que podem ocorrer.
Um argumento é falacioso se contém (1) premissas inaceitáveis, (2) premissas irrelevantes ou (3) premissas insuficientes. Premissas são inaceitáveis se elas são, no mínimo, tão duvidosas quanto a alegação que pretendem apoiar. Numa boa argumentação, as premissas têm que ser a base sólida na qual se assenta a conclusão, caso contrário a conclusão não terá firmeza.
As premissas são irrelevantes se não se aplicam ao caso. A conclusão deriva das premissas. Se as premissas não têm a ver com a conclusão, não dão razões para que esta seja aceita.
Premissas são insuficientes se deixam dúvidas quanto à validade da conclusão. Numa boa argumentação, as premissas devem eliminar os motivos razoáveis de dúvida.

Ao se ouvir um argumento, deve-se verificar se as premissas são aceitáveis, relevantes e suficientes. Se uma das condições estiver ausente, o argumento não é lógicamente aceitável.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Heráclito de Éfeso (540 a.C. - 480 a.C.)



A guerra é o pai de todas as coisas e de todas o rei; de uns fez deuses, de outros homens, de uns escravos, de outros livres.

Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia.

O caminho para baixo e o caminho para cima é um e o mesmo.

Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.

Mar, água mais pura e mais impura; para os peixes potável e saudável, para os homens impotável e mortal.

Diverso é o prazer do cavalo, do cão, do homem; o asno prefere a palha ao ouro.

Porcos em lama se comprazem, mais que em água limpa.

Do arco, o nome é vida e a obra é morte.

Um para mim vale mil, se for o melhor.

Lutar contra o coração é difícil; pois o que ele quer compra-se a preço de alma.

Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira.

A natureza ama esconder-se.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Górgias (cerca de 485-380 a.C.)


Retórico e filósofo grego sofista, foi professor de oratória e retórica na Sicília e, depois de 427 a.C., em Atenas. Como filósofo, não acreditava na existência de uma ciência real.
Para Górgias, é impossível saber o que existe verdadeiramente e o que não existe.
Nada existe, porque nem o ser nem o não-ser são dados da experiência. Por isso, não há uma relação do ser com o não-ser, pois o juízo se tornaria impossível caso o ser participasse do não-ser e vice-versa.
Se existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la, porque a realidade sensível não é inteligível, e o que seria inteligível não é dado, portanto é inexistente. Se podemos conhecer alguma coisa, nada podemos dizer sobre ela.
Uma vez que a linguagem é perfeitamente arbitrária, as palavras traem o pensamento. Portanto, todo juízo distinto de "o ser é" (juízo estéril por sua imobilidade) é absurdo, pois confunde sujeito e atributos.
A Górgias, Platão dedicou um de seus mais importantes diálogos, o Górgias.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.)


A filosofia é um bom conselho.

A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida.

Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe pra onde ir.

A vida, sem uma meta, é completamente vazia.

É preciso dizer a verdade apenas a quem está disposto a ouvi-la.

Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente.

Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.

Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças.

O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário.

É parte da cura o desejo de ser curado.

Viver significa lutar.

Ninguém chegou a ser sábio por acaso.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Depende só de mim


Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer, antes que o relógio marque meia noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo, ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro, ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde, ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria, ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar, ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com o trabalho doméstico, ou agradecer a Deus.
Posso lamentar decepções com amigos, ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Senso Comum e Atitude Científica


Há uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o pensamento científico. Nossas opiniões cotidianas formam o senso comum da nossa sociedade, criam certezas que são transmitidas de geração a geração, e muitas vezes, se transformam em crença religiosa, tornando-se uma doutrina inquestionável. Vejamos alguns exemplos:
O Sol é menor do que a Terra, o Sol se move em torno da Terra que permanece imóvel, as cores existem em si mesmas. A família é uma realidade natural criada pela natureza para garantir a sobrevivência humana e para atender à afetividade natural dos humanos, que sentem necessidade de viver juntos.
O conhecimento científico desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de critica e da falta de curiosidade. Por isso onde vemos fatos e acontecimentos, a atitude cientifica vê problemas e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas e, em certos casos, afastadas. Retornemos aos nossos exemplos:
A astronomia demonstra que o Sol é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que se move em torno do Sol. A óptica demonstra que as cores são ondas luminosas, obtidas pela refração e reflexão ou decomposição da luz branca. Historiadores e antropólogos mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, irmãos, esposa, marido) é uma instituição social recentíssima – data do século XV – e é própria da Europa ocidental, mostram também que não é um fato natural, mas uma criação humana, exigida por condições históricas determinadas.

Características do Senso Comum

Um breve exame dos nossos saberes cotidianos e do senso comum de nossa sociedade revela que possuem algumas características que lhes são próprias:
- são subjetivos, isto é, exprimem sentimentos e opiniões individuais ou de grupos, variando de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que vivemos.
- por serem subjetivos, levam a uma avaliação qualitativa das coisas conforme os efeitos que produzem em nossos órgãos dos sentidos ou conforme os desejos que despertam em nós e o tipo de finalidade ou de uso que lhes atribuímos.
- agrupam-se ou distinguem-se conforme as coisas e os fatos nos pareçam semelhantes ou diferentes.
- são individualizadores, isto é, cada coisa ou cada fato nos parece como um indivíduo distinto dos outros por possuir qualidades que nos afetam de maneira diferente.
- mas são também generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos julgados semelhantes.
- em decorrência das generalizações, tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas ou entre os fatos.
- não se surpreendem nem se admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas, ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso.
- pelo mesmo motivo e não por compreenderem o que seja a investigação cientifica, tendem a vê-la quase como magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o incompreensível.
- costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angustia e de medo diante do desconhecido.
- por serem subjetivos, generalizadores, expressões de sentimento de medo e angustia e de incompreensão quanto ao trabalho cientifico, nossas certezas cotidianas e o senso comum de nossa sociedade cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.

Características do pensamento cientifico

Em quase todos os aspectos podemos dizer que o pensamento filosófico-cientifico opõe-se ponto por ponto às características do senso comum:
- é objetivo, pois procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas.
- é quantitativo, ou seja, busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem diferentes.
- é homogêneo, isto é, busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para os fatos que nos parecem diferentes.
- é generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a mesma estrutura, embora sejam sensorialmente percebidas como diferentes.
- é diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes, mas distingue entre os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes.
- só estabelece relações causais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações com outros semelhantes e diferentes.
- surpreende-se com a regularidade, a constância, a freqüência, a repetição e a diferença das coisas e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o milagroso é um caso particular do que é regular, normal, freqüente.
- distingue-se da magia. A atitude cientifica opera um desencantamento do mundo, mostrando que nele não agem forças secretas, mas causas e relações racionais que podem ser conhecidas e que tais conhecimentos podem ser transmitidos a todos.
- afirma que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e nos outros.
- procura renovar-se continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas em preconceitos sociais. O fato cientifico resulta de um trabalho paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo.
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O que é lógica?


Lógica é uma parte da filosofia que estuda o fundamento, a estrutura e as expressões humanas do conhecimento.
A lógica foi criada por Aristóteles no século IV a.C. para estudar o pensamento humano e distinguir interferências e argumentos certos e errados.
Aristóteles estabeleceu um conjunto de regras rígidas para que conclusões pudessem ser aceitas como logicamente válidas: o emprego da lógica leva a uma linha de raciocínio baseado em premissas e conclusões.
Por exemplo: se for observado que "todo ser vivo é mortal" (premissa 1), a seguir é constatado que "João é um ser vivo" (premissa 2), como conclusão temos que "João é mortal".
Desde então, a lógica Ocidental, assim chamada, tem sido binária, isto é, uma declaração é falsa ou verdadeira, não podendo ser ao mesmo tempo parcialmente verdadeira e parcialmente falsa. Esta suposição e as leis da identidade (A é A), da não contradição (A não é B), e do terceiro excluído (A é A e não pode ser B) cobrem todas as possibilidades e formam a base do pensamento lógico Ocidental.
A Lógica ao mesmo tempo em que define as leis ideais do pensamento, estabelece as regras do pensamento correto, cujo conjunto constitui uma arte de pensar. E como o raciocínio é a operação intelectual que implica todas as outras operações do espírito, define-se muitas vezes a lógica como a ciência do raciocínio correto. A Lógica é então necessária para tornar o espírito mais penetrante e para ajudá-lo a justificar suas operações recorrendo aos princípios que fundam a sua legitimidade.
Em outras palavras, lógica é arte que nos faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no ato próprio da razão.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Amizade (Epicuro)


De todas as coisas que nos oferece a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade.

Toda a amizade é desejável por si própria, mas inicia-se pela necessidade do que é útil.

Não temos tanta necessidade da ajuda dos amigos como de confiança na sua ajuda.

A natureza, única para todos os seres, não fez os homens nobres ou ignóbeis, mas sim as suas ações e as disposições de espírito.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O viajante




Viver é como caminhar sobre troncos que bóiam num rio e que não suportam sozinhos o nosso peso.
Antes que afundem é preciso pular para o próximo, mover-se, seguir em frente em direção a outra margem.
Na caminhada nada nos ampara, na outra margem nada nos espera.
A vida não é a partida, nem a chegada, a vida é a caminhada.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

QUANDO EU ERA MENINO...




Quando eu era menino,
Um deus freqüente me salvava
Da grita e do látego dos homens,
Em segurança eu brincava
Com as flores do bosque;


As brisas do céu
Vinham brincar comigo.
E assim como alegras
O coração das plantas,
Quando estendem os braços
Meigos para ti,
Meu coração alegraste


Também, Pai Hélio! e como Endimião
Eu era o favorito
Teu, sagrada Lua!
Oh vós todos, fiéis
Deuses amistosos,
Se soubésseis o quanto
Minha alma vos amou!

Não vos chamava eu então
Pelo nome, nem vós a mim
Pelo meu, como os homens
Quando se conhecem.

Mas eu vos conhecia
Como jamais aos homens conheci.
Eu compreendia o silêncio do Éter;
As palavras dos homens, não.

Educou-me a harmonia
Do bosque murmurante
E aprendi a amar
Debaixo das flores.

Foi nos braços dos deuses que eu cresci

(Hölderlin)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

O Quadrado Lógico


A tábua de oposições, também chamado quadrado lógico ou quadrado dos opostos, tem origem obscura mas geralmente se aceita que Boécio lhe deu a forma final. Trata-se de um artifício didático que indica as relações lógicas fundamentais.
Assim, temos o seguinte esquema de premissas:
A - universal afirmativa (Todo homem é mortal)
E - universal negativa (Nenhum homem é mortal)
I - particular afirmativa (Algum homem é mortal)
O - particular negativa (Algum homem não é mortal)
Exemplo de tábua de oposição:
Todo ser vivo é mortal
Contrária: nenhum ser vivo é mortal
Sub-contrária: €
Contraditória: algum ser vivo não é mortal


Leis de oposição


As leis de oposição regem as relações entre as premissas.
Contraditoriedade: se um modo é verdadeiro, o outro é falso;
Contrariedade: ocorre apenas nos modos A e E. As premissas contrárias entre si não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo tempo;Pois, se assim forem,a particular afirmativa será falsa por ser a contraditória da universal negativa e verdadeira, por ser a conversão da universal afirmativa.
Subcontrariedade: as premissas não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.Pois se assim forem,as contrárias de quem elas são contraditórias serão simultaneamente verdadeiras, o que é um absurdo.
Fonte: wikipédia

sábado, 18 de agosto de 2007

"É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito." Albert Einstein


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi procurar subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais procurava subir a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...".

sexta-feira, 17 de agosto de 2007


Me comove saber que 98% dos sonhos mais íntimos de toda a humanidade foram criados por meia dúzia de publicitários competentes...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O MITO DA CAVERNA de Platão

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma vez perguntaram a Buda:

O que mais te surpreende na humanidade?
E ele respondeu:
" Os Homens", porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperarem a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver o presente e nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivesse vivido.

sábado, 11 de agosto de 2007

Bem e Mal: O objeto da ética

O homem é um ser social, não vive sozinho. Assim torna-se necessário a criação de normas para mediar as relações entre os membros desta sociedade. “Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao Bem e ao Mal, ao permitido e o proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explicita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais”.[1]
Aqui já podemos separar ética e moral. Moral são os valores que a sociedade define para si mesma, o que julga ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que considera ser o bem e a virtude. Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons, e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e deveres parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos.
A palavra costume se diz, em grego, ethos – donde ética – e em latim, mores – donde moral. Em outras palavras, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. Os costumes por serem anteriores ao nosso nascimento e formarem o tecido da sociedade em que vivemos, são considerados inquestionáveis e quase sagrados.
Se pudermos entender a moral como os valores instituídos pela sociedade que nos educou e nos formou, a ética deve ser entendida como algo mais amplo. A ética leva em consideração também o sujeito consciente. Assim o campo ético é constituído pelos valores e obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, realizadas pelo sujeito moral, principal constituinte da existência ética.
Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
Dessa forma, a ética, enquanto filosofia moral, “se distingue pelo seu caráter crítico e reflexivo na sistematização dos valores e das normas, tendo o papel de investigá-los e depurá-los para que possam inspirar, guiar e servir da melhor forma possível a vida humana, tendo em vista a sua realização”.[2] Para desenvolver esse caráter crítico e reflexivo, é necessário que o sujeito moral seja consciente de si e dos outros, dotado de vontade como capacidade de controlar e orientar desejos, impulsos, tendências e sentimentos para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis. Também é necessário ser responsável, como autor da ação, avaliando seus efeitos e conseqüências e respondendo por elas, e ser livre. Liberdade não para poder escolher entre várias alternativas possíveis, mas para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.
Essa é uma visão da ética que acredita na objetividade dos valores, existem outras; algumas acreditam que os valores são relativos e é o ceticismo quanto à objetividade desses valores que inaugura a ética. Quando pronunciamos palavras como “ferro” ou “prata”, todos sabemos o que quer dizer, mas quando dizemos ”justo” ou “bom” discordamos uns dos outros. Assim quando perguntamos: Que atitude devo tomar? Que devo fazer? Como agir perante o outro? As respostas deverão surgir em acordo com a ética que se está avaliando. Numa ética relativa nada há de mal ou bom, apenas o pensamento o torna tal. Numa ética utilitária, o bom é o útil; numa ética democrática o bom é o que a maioria julga assim; numa ética jurídica o bom é o que as leis dizem ser bom.
Além do sujeito moral e dos valores morais, o campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins. No caso da ética, nem todos os meios são justificáveis, mas apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras, fins éticos exigem meios éticos.
Podemos, então, entender a ética como capacidade humana de ordenar suas relações em função do bom e do justo.
[1] CHAUÍ, Marilena “Convite à Filosofia”.

[2] AGOSTINI, Nilo “Do Ethos à Ética: por um resgate do vital humano” Anais da IX Semana de Filosofia, UFJF, 1999

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Nascimento da Filosofia

Os historiadores da filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e inicio do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto.
A filosofia também possui um conteúdo ao nascer: é uma cosmologia, (cosmos = mundo ordenado e organizado/ logia = pensamento racional, discurso racional, conhecimento). Assim a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, donde cosmologia.
O pensamento filosófico em seu nascimento tinha como traços principais:
· Tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;
· Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é, colocando um problema, sua solução é submetida a analise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira;
· Exigência que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o filosofo é aquele que justifica suas idéias provando que segue regras universais do pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando afirmo e nego a uma coisa sobre a mesma coisa. Assim, quando uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela deve ser considerada falsa;
· Recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele;
· Tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades.
Reunindo semelhanças, o pensamento conclui que se trata de uma mesma coisa que aparece para nossos sentidos de maneiras diferentes, e como se fossem coisas diferentes. O pensamento generaliza por que abstrai, ou seja, realiza uma síntese.
E o contrário também ocorre. Muitas vezes nossos órgãos dos sentidos nos fazem perceber coisas diferentes como se fossem a mesma coisa, e o pensamento demonstrará que se trata de uma coisa diferente sob a aparência da semelhança. Separando as diferenças, o pensamento realiza, neste caso, uma análise.
As principais condições históricas para o surgimento da filosofia na Grécia foram:
- As viagens marítimas: permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs, e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos. As viagens produziram a desmistificação do mundo, que passou assim, a exigir uma explicação sobre sua origem;
- A invenção do calendário: que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando com isso, uma capacidade de abstração nova, ou a percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
- A invenção da moeda: permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
- O surgimento da vida urbana: com o predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue, fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir;
- A invenção da escrita alfabética: que como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas, supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
- A invenção da política: que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da filosofia:
1 – a idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. Servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2 – o surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão, e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso filosófico.
3 – a política estimula um discurso que procura ser público, ensinado, transmitido, comunicado e discutido. A idéia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir é fundamental para a filosofia.
A filosofia terá, no correr dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e interesses que lhe vieram de seu nascimento na Grécia.

Adaptado de: CHAUI, Marilena “Convite à Filosofia”, 6a edição, editora Ática, São Paulo – SP, 1997

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Fala o Martelo

"Por que tão duro? - falou certa vez ao diamante o carvão de cozinha; não somos parentes próximos?"
Por que tão moles? Ó meus irmãos, assim vos pergunto; pois não sois meus - irmãos?
Por que tão moles, tão amolecidos e condescendentes? Por que há tanta negação, abnegação em vossos corações? Tão pouco destino em vosso olhar?
E se não quereis ser destinos e inexoráveis: como podereis um dia comigo - vencer?
E se a vossa dureza não quer cintilar, cortar e retalhar: como podereis um dia comigo - criar?
Pois todos os que criam são duros. E terá de vos parecer bem-aventurança imprimir vossa mão nos milenios como se fossem cera -
- Bem-aventurança escrever na vontade de milenios como se fossem bronze - mais duros que bronze, mais nobres que bronze. Apenas o mais nobre é perfeitamente duro.
- Esta tábua, ó irmãos, ponho sobre vós: tornai-vos duros! --
F.W. Nietzsche, In:Crepúsculo dos Ídolos