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terça-feira, 31 de maio de 2011

Karl Marx – Modo de Produção e Luta de Classes


Modo de produção é a maneira como se organiza a produção material em um dado estágio de desenvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (a força do trabalho humano e os meios de produção, tais como máquinas, ferramentas, etc.) e da forma das relações de produção.
Marx define os seguintes modos de produção dominantes em cada época: o comunismo primitivo; o escravismo na Antiguidade; o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna.
A passagem de um modo de produção a outro, segundo o filósofo, dá-se no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidades objetivas de transformação desse modo de produção.
De acordo com Marx, caberia à classe social que possui, nesse momento, um caráter revolucionário intervir por meio de ações concretas, práticas, para que essas transformações ocorram. Foi o que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao capitalismo, com as revoluções burguesas.
Marx sintetiza essa análise na afirmação de que a luta de classes é o motor da história, isto é, a luta de classes faz a história se mover.
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e aprendiz; numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta[1].
De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária que, em virtude de suas condições de existência, deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução social rumo ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o proletariado.



[1] Manifesto Comunista, 1848.
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COTRIM, Gilberto & FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia, São Paulo : Saraiva, 2010

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Karl Marx (1818-1883) - O Materialismo Dialético e Histórico


Marx fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, na qual afirma que Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a realidade material – e o que é determinado – as representações e conceitos acerca dessa realidade. A filosofia idealista seria, assim, uma grande mistificação que pretende entender o mundo real, concreto, como manifestação de uma razão absoluta.
Marx procurou compreender a história real dos seres humanos em sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão da história foi chamada de materialismo histórico. Para Marx não existe o indivíduo formado fora das relações sociais, como o querem Hegel, Feuerbach, Schopenhauer, Kierkegaard e outros tantos. Para ele “A essência humana é o conjunto das relações sociais”, o que significa que a forma como os indivíduos se comportam, agem, sentem, e pensam vincula-se à forma como se dão as relações sociais. Essas relações sociais, por seu lado, são determinadas pela forma de produção da vida material, ou seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das sociedades.
A forma como os homens produzem esses meios depende em primeiro lugar da natureza, isto é, dos meios de existência já elaborados e que lhes é necessário reproduzir;[1]
Ao falar da produção material da vida, Marx não se refere apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à manutenção físicas dos indivíduos, considera o fato de que, ao produzirem todas essas coisas, os seres humanos constroem a si mesmos como indivíduos. Isso ocorre porque, “o modo de produção da vida material condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual”[2]. Marx reconhece o trabalho como atividade fundamental do ser humano e analisa os fatores que o tornaram uma atividade massacrante e alienada no capitalismo. Marx pretende expor a lógica do modo de produção capitalista, em que a força de trabalho é transformada em uma mercadoria com dupla face: de um lado, é uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo salário; de outro, é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o capital.
Marx também entende o desenvolvimento histórico-social como decorrente das transformações ocorridas no modo de produção. Nessa análise, ele se vale dos princípios da dialética, mas garante que seu “método dialético não só difere do hegeliano, mas é também sua antítese direta”[3]. Na concepção hegeliana, a dialética torna-se instrumento de legitimação da realidade existente. No pensamento de Marx, a dialética leva ao entendimento da possibilidade de negação dessa realidade “porque apreende cada forma existente no fluxo do movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a dialética em Marx permite compreender a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas como algo transitório, que pode ser transformado pela ação humana. De acordo com Marx, a história é feita pelos seres humanos, que interferem no processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade social, sobretudo se alterarem seu modo de produção.



[1] A Ideologia Alemã – introdução
[2] Para Crítica da Economia Política – prefácio
[3] O Capital
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COTRIM, Gilberto & FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia, São Paulo : Saraiva, 2010

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ludwing Feuerbach (1804-1872)



Filósofo monotemático, Feuerbach interessou-se pela investigação de um único problema, justificando-se: "A primeira tendência que se fez luz em mim não foi gerada pela ciência, ou pela filosofia, mas pela religião. Acompanhando essa tendência eu fiz da religião o fim e a profissão de minha vida... O meu primeiro pensamento foi Deus, o segundo, a razão, e o último o homem". Na verdade, estava interessado não tanto no problema da existência de Deus, mas no processo de formação da idéia de Deus no pensamento humano, e toda a sua filosofia pode ser resumida na seguinte máxima: não é Deus quem cria o homem, mas o homem quem cria Deus.
Nascido em Landshut, na Baviera, Ludwing Feuerbach estudou teologia na Universidade de Heidelberg. Posteriormente, em Berlim, assistiu às aulas de Hegel, que o impressionou profundamente - "aprendi em um mês com Hegel tudo o que não aprendi antes, em dois", contou ele. A ruptura com o mestre, todavia, deu-se muito cedo e concretizou-se nos Pensamentos sobre a Morte e a Imortalidade, ensaio que, pela tese anticristã desenvolvida, lhe custou a carreira universitária. A fama de ateu determinou a total marginalização do filosofo no ambiente acadêmico; somente em 1848, a convite da liga de estudantes revolucionários de Heildeberg, teve a oportunidade de ministrar um curso universitário, publicado três anos mais tarde (Lições sobre a Essência da Religião). Passou o resto da vida isolado e na miséria.
Obras: Pensamentos sobre a Morte e a Imortalidade (1830)
Crítica da Filosofia Hegeliana (1839)
A Essência do Cristianismo (1841)
A Essência da Religião (1845)
Lições sobre a Essência da Religião (1851).
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Todo homem, pensando em Deus, constrói-se a si mesmo.
Os atributos de Deus são os instrumentos da inteligência humana.
Deus foi criado à imagem e semelhança do homem.

extraído de: NICOLA Ubaldo, Antologia Ilustrada de Filosofia, São Paulo : Globo, 2005.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Arthur Schopenhauer


O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi quem atacou com maior veemência o pensamento hegeliano. Apesar de sua grande cultura, só seria reconhecido nos últimos anos de sua vida.

Na obra O Mundo como Vontade e Representação, sustenta que, como o conhecimento é uma relação na qual o objeto é percebido pelo sujeito, o ser humano não conhece as coisas como elas são, mas como podem ser percebidas e interpretadas. Nesse aspecto, faz um retorno a Kant e opõe-se à possibilidade do saber absoluto que Hegel preconizava.

Para Schopenhauer, porém, tudo o que o mundo inclui ou pode incluir é inevitavelmente dependente do sujeito, não existe senão para o sujeito. O mundo é representação. Isso quer dizer que, para ele, não existe uma realidade exterior absoluta e que, para existir o conhecimento do mundo, é preciso existir o sujeito.

Dessa forma, Schopenhauer afasta-se da reflexão de Kant e iniciava a sua própria filosofia. A representação do mundo seria para ele como uma “ilusão”, pois o objeto conhecido é condicionado pelo sujeito. Mas, também diferentemente de Kant, admite ser possível alcançar a essência das coisas por meio do insight intuitivo, uma espécie de iluminação. Nesse processo, a arte teria grande relevância, pois a atividade estética permitiria ao ser humano a compreensão da verdade. Pela arte, o sujeito se desprenderia de sua individualidade para fundir-se no objeto, em uma entrega pura e plena. Nesse ponto, Schopenhauer seria um romântico.

Sua filosofia, de outro ângulo, caracteriza-se por uma visão pessimista do indivíduo e da vida. Para ele, o ser humano seria essencialmente vontade, o que o levaria a desejar sempre mais, resultando em uma insatisfação constante. Essa vontade, que se expressa nas ações humanas, seria parte de uma vontade que anima todas as coisas da natureza. E, se a essência do ser humano e do mundo é essa vontade insaciável, Schopenhauer identifica aí a origem das lutas entre os indivíduos, da dor e do sofrimento.

A história é, para esse filósofo, a história de lutas, em que a infelicidade é a norma. Temos, portanto, a recusa da concepção racionalista de história elaborada por Hegel, segundo a qual ela possui um sentido e progride em direção a uma liberdade maior.

Para Schopenhauer, apenas pela arte e ascese – ou seja, o abandono de si – pode o ser humano libertar-se da dor.