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domingo, 8 de janeiro de 2012

Sören Kierkegaard (1813 – 1855)

 O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard contestou a supremacia da razão como único instrumento capaz de estabelecer a verdade, tal como  Hegel havia proposto. Como pensador cristão, defendeu o conhecimento que se origina da .
Kierkegaard afirmava que a existência humana possui três dimensões:
 - a dimensão estética: na qual se procura o prazer;
 - a dimensão ética: na qual se vivencia o problema da liberdade e da contradição entre o prazer e o dever;
 - a dimensão religiosa: marcada pela fé.
De acordo com o filósofo, cabe ao ser humano escolher em qual dimensão quer viver, já que se trata de dimensões excludentes entre si. Essas dimensões podem ser entendidas, também, como etapas pelas quais o ser humano passa durante sua existência: primeiro viria a estética, depois a ética e, por último, a religiosa, que seria a mais elevada.
Kierkegaard afirma que essas dimensões são atingidas por um salto , pois não há razões racionais para tomar essa medida. Isso acontece porque o mais importante é a verdade de sua própria situação e essa é a verdade subjetiva que somente você é capaz de conhecer. Este filósofo foi extremamente influente por enfatizar a importância do sentido pessoal  na vida do indivíduo.
Os escritos do autor possuem grande beleza literária e tratam de temas estranhos à objetividade científica de sua época, tais como amor, sofrimento, angústia e desespero, que segundo ele não podem ser entendidos pela razão. Sua principal crítica à filosofia hegeliana deve-se ao fato de ela não levar em consideração a subjetividade humana.
É nesse sentido  que Kierkegaard influenciará as chamadas correntes irracionalistas e existencialistas, que recolocam a questão da verdade a partir do processo da existência. Para ele, nenhum sistema de pensamento consegue dar conta da experiência ampla e única da vida individual.
Opondo-se à filosofia sistemática de Hegel e a seu caráter abstrato, Kierkegaard procurou destacar as condições específicas da existência humana e incorporá-las às reflexões filosóficas. Por isso, é normalmente considerado o “pai do existencialismo”.
Em sua obra, Kierkegaard procurou analisar os problemas da relação existencial do ser humano com o mundo, consigo mesmo e com Deus.
- a relação do ser humano com o mundo: é dominada pela angustia. A angustia é entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a instabilidade de viver em um mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas expectativas sejam realizadas. “no possível, tudo é possível”. Assim, vivemos em um mundo onde são possíveis tanto a dor como o prazer, o bem como o mal, o amor como o ódio, o favorável como o desfavorável.
- a relação do ser humano consigo mesmo: marcada pela inquietação e pelo desespero. Isso ocorre por duas razões fundamentais: ou porque o ser humano nunca está plenamente satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do possível e fracassando diante de suas expectativas.
- a relação do ser humano com Deus: a única via para a superação da angústia e do desespero. Contudo, é marcada pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é incompreensível pela razão.

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Fonte: Cotrim, Gilberto. Fundamentos de Filosofia.