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sábado, 2 de novembro de 2013

Karl Marx – A história da luta de classes

A interpretação da história exige a adoção de um critério materialista, pois o motor do desenvolvimento histórico reside nas condições econômicas concretas, e não nas convicções ideais, nas normas jurídicas ou nas batalhas políticas. A evolução das estruturas produtivas não se da segundo esquemas mecanicistas, mas acompanhando as leis da dialética descobertas por Hegel  (a tese, a antítese, a síntese). Todo processo histórico possui uma identidade própria específica, mas desenvolve no seu interior aquelas contradições que, com o tempo, produzirão a sua superação. Logo, a dialética hegeliana deve ser mantida, mas invertida, colocando como sujeito do movimento histórico real não o Espírito, a Ideia, ou o Absoluto, mas o desenvolvimento da economia.
A história de todas as sociedades que existiram até hoje é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, resumindo, opressor e oprimido, estiveram em constante oposição uns contra os outros; conduziram uma luta que por muitas vezes terminou na transformação revolucionária da sociedade inteira, ou então com a ruína das classes em luta.
A moderna sociedade Burguesa, nascida do declínio da sociedade feudal, não superou os conflitos de classe. A sociedade cada vez mais se divide em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que se enfrentam diretamente: burguesia e proletariado...
A classe burguesa nasce do interior do mundo feudal, nega-o e supera-o, dando origem à sociedade capitalista. Mas, pela lei do devir dialético, o desenvolvimento do capitalismo comporta o surgimento do proletariado e das contradições que produzirão a sua superação.
O proletariado passa por diversos graus de desenvolvimento. A luta operária nasce como protesto individual e de grupo. A centralização das lutas operárias, favorecidas pela nova tecnologia industrial e pela velocidade da comunicação, tende à formação de uma classe compacta organizada em partido político, assim cresce e se torna mais poderosa. O proletariado não tem propriedade, as suas relações com a mulher e os filhos não têm mais nada em comum com as relações familiares burguesas; o trabalho industrial moderno, a moderna submissão ao capital, retira dele todo caráter nacional. A lei, a religião, a moral são para ele simplesmente preconceitos burgueses, atrás dos quais se escondem outros tantos interesses burgueses. O proletariado, a camada mais baixa da sociedade, não pode se levantar, não pode se aprumar sem fazer desmoronar a superestrutura das camadas que formam a sociedade oficial.
Todas as sociedades que existiram até aqui se fundaram no antagonismo entre classes que oprimem e classes oprimidas. Contudo, para poder oprimir uma classe é preciso garantir-lhe ao menos as condições de manutenção da sua existência servil. O operário moderno, ao contrário, em vez de elevar-se graças ao progresso da indústria, desce cada vez mais abaixo das condições da sua classe. O operário torna-se pobre e o pauperismo desenvolve-se ainda mais rapidamente do que a população e a riqueza. Daí se deduz que a burguesia não é capaz de continuar por muito tempo como a classe dirigente da sociedade. Não é capaz de dominar porque não é capaz de garantir a existência do próprio escravo nem mesmo dentro dos limites da sua escravidão.

A condição essencial para a existência e o domínio da classe burguesa é a acumulação da riqueza em mãos privadas, a formação e o crescimento do capital; a condição do capital é o trabalho assalariado. O trabalho assalariado baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si. O capitalismo não é capaz de manter a sociedade unida. Sem revolução não existem possibilidades de melhoria para o proletariado. A tendência é o empobrecimento progressivo. O proletariado nada possui, nada tem a perder, por isso vencerá.

(Adaptado de NICOLA, Ubaldo."Antologia Ilustrada de Filosofia" 2005)


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