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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Filosofia Moderna

O pensamento moderno talvez seja mais fácil de ser compreendido por nós, pelo fato de estarmos mais próximo dele do que do antigo e medieval, e por sermos ainda hoje, de certo modo herdeiros dessa tradição. Entendemos como conceito de modernidade uma ruptura com a tradição, uma oposição entre o antigo e o novo, uma valorização do novo, ideal de progresso, ênfase na individualidade e rejeição da autoridade institucional.
As grandes transformações no mundo europeu dos séculos XV e XVI como a descoberta do Novo Mundo, o surgimento de importantes núcleos urbanos em algumas regiões, principalmente na Itália, o desenvolvimento da atividade econômica, sobretudo mercantil e industrial, a valorização do homem como indivíduo, de sua livre iniciativa e de sua criatividade a noção de um espaço infinito e a visão da natureza possuindo uma “linguagem matemática” e a mudança do modelo geocêntrico para o heliocêntrico, a valorização da interpretação da mensagem divina nas escrituras pelo indivíduo e a oposição entre o antigo e o moderno, suscita a problemática cética do conflito das teorias e da ausência de critério conclusivo para a decisão sobre a validade destas teorias. Grandes foram os esforços dos filósofos modernos para resolver estes problemas. Podemos destacar nesse período, Francis Bacon que juntamente com René Descartes é considerado um dos iniciadores do pensamento moderno, por sua defesa do método experimental contra a ciência teórica e especulativa clássica, bem como por sua concepção de um pensamento crítico e do progresso da ciência e da técnica.
“A mais singular e a melhor de suas obras é aquela que hoje em dia é menos lida e a mais inútil: entendo falar de seu Novum Scientiarum Organum [1]. É o andaime com o qual se construiu a nova filosofia; e quando esse edifício foi levantado pelo menos em parte, o andaime passou a não servir para mais nada”. [2]
“O chanceler Bacon não conhecia ainda a natureza, mas conhecia e indicava todos os caminhos que levavam a ela. (...) É o pai da filosofia experimental; de todas as experiências físicas que foram feitas depois dele, não há quase nenhuma que não tenha sido indicada em seu livro. Ele próprio havia feito várias. Esse precursor da filosofia foi também um escritor elegante, um historiador, um belo intelecto. Em pouco tempo sua física experimental começou a ser cultivada simultaneamente em quase todas as partes da Europa. Era um tesouro escondido de cuja existência Bacon desconfiava e que todos os filósofos, encorajados por sua promessa, se esforçaram para desenterrar.”[3]
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[1] Novo Organon das Ciências.
[2] VOLTAIRE, Cartas Filosóficas, Sobre o Chanceler Bacon.
[3] Idem.

Um comentário:

h.perpétuo disse...

Muito bom, Professor