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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os Grandes Descobrimentos


Por último, mas não menos importante, falaremos dos grandes descobrimentos nos séculos XIV e XV para fechar essa idéia de Renascimento. Para levar a cabo tão ousado empreendimento, os europeus tiveram que mudar suas idéias de como era o mundo – redondo, ao invés de plano e terminando em enormes e inexplorados abismos cheios de monstros – e com o Sol no centro do universo (Heliocentrismo) e não mais a Terra (Geocentrismo). Para isso o desenvolvimento de uma nova ciência foi fundamental.
As mudanças econômicas também aconteceram uma vez que, descoberta a América, grande quantidade de ouro, prata e pedras preciosas chegavam à Europa nos navios vindos do Novo Mundo. Mas a maior mudança foi na concepção do homem, uma vez que aqueles povos do outro lado do Atlântico eram tão diferentes do homem europeu.
Assim fala Montaigne (1533-1592) filósofo francês do período sobre esses povos:
“Essa descoberta de um imenso país parece de grande alcance e presta-se a grandes reflexões (...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra (...) Esses povos não me parecem, pois, merecer o qualificativo de selvagens somente por não terem sido senão muito pouco modificados pela ingerência do espírito humano e não haverem quase nada perdido de sua simplicidade primitiva. (...) Ninguém concebeu jamais uma simplicidade natural elevada a um tal grau, nem ninguém jamais acreditou pudesse a sociedade subsistir com tão poucos artifícios. É um país onde não há comércio de qualquer natureza, nem literatura, nem matemáticas; onde não se conhece sequer de nome um magistrado, onde não existe hierarquia política, nem domesticidade, nem ricos, nem pobres. Contratos, sucessão e partilhas aí são desconhecidos; em matéria de trabalho só sabem da ociosidade; o respeito aos parentes é o mesmo que dedicam a todos; (...) tratam-se mutuamente por irmãos quando são da mesma idade, e aos mais jovens chamam filhos e pais aos velhos, indistintamente. Quando morrem estes, passam seus bens aos herdeiros naturais; as heranças não são divididas, conservando todos os participantes a posse do todo. O vestuário, a agricultura e o trabalho dos metais, ignoram”.
Montaigne ainda continua: “A região em que habitam esses povos é de resto muito agradável. O clima é temperado a ponto de, segundo minhas testemunhas, raramente se encontrar um enfermo. Afirmaram mesmo nunca terem visto algum epilético, remeloso, desdentado ou curvado pela idade. (...) Têm peixes e carne em abundância, e de excelente qualidade, contentando-se com os grelhar para os comer. O primeiro indivíduo que viram à cavalo inspirou-lhes tal pavor que embora já houvessem estado com ele de outras feitas, o mataram a flechadas e só então o reconheceram. Suas residências constituem-se de barracões com capacidade para duzentas ou trezentas pessoas, e são edificadas com troncos e galhos de grandes árvores enfiadas no solo e se apoiando uns nos outros na cumeada, à semelhança de certos celeiros nossos cujos tetos descem até o chão fechando os lados. Possuem madeiras tão duras que com ela fabricam espadas e espetos para grelhar os alimentos. Seus leitos, formados de cordinhas de algodão, suspendem-se ao teto. Cada qual tem o seu, dormindo as mulheres separadas dos maridos. Levantam-se com o sol e logo merendam, não fazendo outra refeição durante o resto do dia. (...) Em lugar de pão, comem uma substância branca parecida com o coentro cozido. Experimentei, é doce e algo insosso. Passam o dia a dançar; os jovens vão à caça de grandes animais contra os quais usam o arco unicamente. Enquanto isso, uma parte das mulheres diverte-se com preparar a bebida, o que constitui sua principal ocupação.
Todas as manhãs, antes que iniciem a refeição, um ancião percorre o barracão, que tem uns cem passos de comprimento, e prega aos ocupantes sem cessar as mesmas coisas: valentia diante do inimigo e amizade a suas mulheres. Acreditam na imortalidade da alma. As que mereceram aprovação dos deuses alojam-se no céu do lado do nascente, as amaldiçoadas do lado do poente. Sua moral resume-se em dois pontos: valentia na guerra e afeição por suas mulheres. (...) Os homens têm várias mulheres, em tanto maior número quanto mais famosos e valentes.
Esses povos guerreiam os que se encontram além das montanhas. Fazem-no inteiramente nus, tendo por armas apenas seus arcos e espadas de madeira, pontiagudas como as nossas lanças, e ignoram a fuga e o medo. Como troféu traz cada qual a cabeça do inimigo trucidado, a qual penduram à entrada de suas residências. Se entrarem em guerra e saírem vitoriosos, o benefício de sua vitória consiste em unicamente na glória que auferem dela e na vantagem de se terem mostrado superiores em valentia e coragem. Aos prisioneiros não se exige senão que se confessem vencidos. Mas não se encontra um só que não prefira a morte a confessar-se vencido. Nenhum que não prefira ser morto e comido a pedir mercê. Por certo em relação a nós são realmente selvagens, pois entre suas maneiras e as nossas há tão grande diferença que ou eles são os selvagens ou nós o somos.”[1]
Podemos ver por este relato que o homem americano causou tanto estranhamento na Europa que coloca em crise toda a sociedade da época. Se o filósofo vê nesse povo motivo para novas reflexões, os padres verão no Novo Mundo um enorme canteiro de almas inocentes para serem salvas pela palavra de Deus que aqueles ainda não conheciam. Os Jesuítas vêem para a América catequizar os índios, mas a Europa já não era mais a mesma. Uma nova ciência, uma nova arte, uma nova religião, uma nova política, uma nova sociedade, e o retorno da velha pergunta: Quem sou eu? O selvagem do outro lado do Atlântico fez o europeu olhar para si mesmo e voltar a procurar por um fundamento seguro para seu conhecimento e forma de ser no mundo.


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[1] MONTAIGNE, Michel de. “Ensaios” Dos Canibais.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Galileu Galilei (1564 - 1642)


Galileu Galilei nasceu em 15 de Fevereiro de 1564 na cidade de Pisa, Itália. Com apenas 17 anos ingressou na Universidade de Pisa, para estudar Medicina, onde permaneceu durante quatro anos, tendo abandonado esse curso para se dedicar ao estudo da física, da astronomia e da matemática.
Aos 25 anos foi nomeado professor de Matemática da Universidade de Pisa e em 1592 tornou-se professor na Universidade de Pádua, onde permaneceu até aos 43 anos e efetuou diversas descobertas. Algumas das descobertas mais importantes são as leis do pêndulo e a lei da queda dos graves. Entre as suas invenções contam-se a do termoscópio e do telescópio.
No início do século XVII surgiram os primeiros telescópios na Holanda. Galilleu desenvolveu/aperfeiçoou o seu próprio telescópio e foi o primeiro a observar as manchas solares, os quatro principais satélites de Júpiter e as fases de Vênus.
Galileu foi o primeiro a fazer uso científico do telescópio. Ao fazer observações astronômicas com ele, descobriu que a Via Láctea é composta de miríades de estrelas (e não era uma "emanação" como se pensava até essa época), descobriu ainda os satélites de Júpiter, as montanhas e crateras da Lua. Todas essas descobertas foram feitas em março de 1610 e comunicadas ao mundo no livro Sidereus Nuncius ("O Mensageiro das Estrelas"), manuscrito que causou sensação pela Europa inteira nos anos seguintes. Baseado no princípio do telescópio, começou a produzir os primeiros microscópios. A observação dos satélites de Júpiter, levaram-no a defender o sistema heliocêntrico de Copérnico.
Em 1632, Galileu publicou “Dialogo Sopra i Due Massimi Sistemi del Mondo”, onde produzia uma conversa entre três personagens: Salviati, Sagredo e Simplicius. Nesta obra, Galileu afirmou que a terra girava em torno do sol, o que contrariava a teoria aceite e defendida pela Igreja Católica. Os Diálogos foram proibidos e Galileu foi interrogado diversas vezes, mas apesar das ameaças de tortura, Galileu manteve as suas convicções sobre a teoria heliocêntrica, que segundo o Santo Ofício de Roma, era incompatível com a Sagrada Escritura. Galileu foi obrigado a negar a publicamente a teoria copernicana e condenado a viver em prisão domiciliária em Arcetri, onde escreveu as obras "Discorsi", "dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze", "Aattinenti alla meccanica" e "I movimenti locali", que foram secretamente publicadas na Holanda em 1638.
Diz a lenda que, quando foi julgado por heresia, em 1633, e forçado a rejeitar a sua crença de que a Terra se movia à volta do Sol, Galileu teria murmurado: "Eppur si muove" ("No entanto move-se"). Morreu em 8 de Janeiro de 1642 em Arcetri, completamente cego.
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"A filosofia está escrita neste grande livro - O Universo - que permanece continuamente aberto".
"A matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o Universo".
"Você não pode ensinar nada a um homem.
Pode apenas auxiliá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo".
Galileu Galilei