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quarta-feira, 31 de março de 2010

A Filosofia Medieval - parte 4

Enquanto as autoridades da Igreja procuravam em Platão sabedoria e discernimento, professores e acadêmicos das universidades muitas vezes voltavam-se para Aristóteles. Escolástica é a filosofia praticada nas universidades da Idade Média.
Baseia-se na lógica de Aristóteles, mas não em seu interesse em observar e testar as coisas. Isso acontece porque a filosofia escolástica recebeu no século X um grande impulso de vários filósofos muçulmanos. Esses filósofos redescobriram importantes textos aristotélicos e espalharam suas idéias entre os filósofos cristãos e judeus, como as interpretações da metafísica e da lógica de Aristóteles. São importantes os nomes de Avicena e Averróis na proliferação destas idéias e elas muito incomodaram as autoridades religiosas.
Enquanto Aristóteles foi um mestre de lógica, pode-se dizer que as coisas se arranjaram bastante bem. As complicações surgem a partir do momento em que são traduzidas para o latim as obras de ciência da natureza, biologia, ética, política, e filosofia geral do filósofo.
Mas a partir do final do século XII, eram tantas as traduções de Aristóteles, bem como de comentários gregos e árabes e toda uma literatura científica abrangendo obras de matemática, astronomia, ótica, medicina, alquimia, etc. que todo esse riquíssimo material vai desaguar em uma nova instituição que adquiriu maturidade no século XIII – a Universidade, uma espécie de corporação de ofício dos profissionais do estudo.
É nesse quadro institucional que os mestres ministrarão cursos (lectio – aula à base de comentário de texto), debaterão as questões em voga e responderão às consultas a eles dirigidas por príncipes, papas ou simples particulares.
O século XIII marca não só o amadurecimento da Universidade como também a descoberta de Aristóteles como O Mestre do Pensamento.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Filosofia na Idade Média - parte 3


Harmonizando pensamento e misticismo, Agostinho de Hipona acreditava que o limite das pessoas era a medida de sua comunhão com Deus nesta vida terrestre. Segundo Santo Agostinho, o mais próximo que as pessoas conseguem chegar de Deus, será quando morrerem e forem para o céu. Somente no fim de nossa vida, poderemos experimentar a realidade divina sem estarmos presos à realidade física.
“O fato de não podermos experimentar Deus plena ou diretamente não significa que não devamos tentar compreender a verdade divina nesta vida”. A relação entre Deus e a alma humana é uma chave para o entendimento da verdade divina.
A fórmula agostiniana – “Entende para crer e crê para entender” –fornece, de renovadas formas, um quadro básico que permitirá aos medievais colocar a serviço da fé os recursos da cultura profana. Quer dizer, a fé não elimina a inteligência, não despreza a razão, não arruína o pensamento. É preciso entender – minha palavra – para crer; crê – a palavra de Deus – para entender.
Pode-se dizer que Agostinho forneceu aos medievais um ideal cultural, uma síntese doutrinal e uma orientação filosófica. O ideal cultural prefigura a atitude do cristão para com a sabedoria pagã: as verdades enunciadas pelos filósofos não devem ser temidas, mas reclamadas deles como de injustos possuidores. Coloca assim, a serviço da sabedoria cristã, sua cultura de retórico romano.
Mais importante ainda é a orientação filosófica de Agostinho. Ela (a filosofia) possui um valor positivo, pois é uma riqueza inesgotável, em cujo seio o espírito progride indefinidamente de luz em luz, sem nunca chegar ao fim, mas também sem deixar nunca de adquirir novas luzes.
“Procuramos, pois, como se fossemos encontrar, mas não encontraremos nunca, senão indo procurar sempre”.